quinta-feira, 24 de maio de 2012

Teste revista Autoesporte 1976



Confira o teste publicado pela revista Autoesporte, em 1976


Alguns anos após o início das obras da fábrica FIAT de Betim, em Minas Gerais, o primeiro carro nacional da marca foi apresentado aos jornalistas. Tendo como local a cidade histórica de Ouro Preto, membros da Imprensa especializada de todo o País puderam sentir as emoções de dirigir o Fiat 147, vindo até Belo Horizonte.
Mas para a AUTO ESPORTE, revista especializada, a Fiat fez um pouco mais: deixou lá seus novos veículos à disposição, para testes mais prolongados. Viemos com ele para S. Paulo, diretamente de Ouro Preto, experimentamos exaustivamente a nova máquina em todo o tipo de terreno, desde a estrada congestionada té a auto-estrada vazia. Da terra até os paralelepipedos. No Sol quente e na chuva. No trânsito impossível das grandes cidades. E, para fazermos jus à nossa especialização em automobilismo esportivo, andamos com o carrinho também em Interlagos, em regime de corridas.

Para o grande público que está curiosissimo a respeito do desempenho do Fiat brasileiro, procuramos relatar minuciosamente tudo quanto pudemos observar. Como veremos nas páginas a seguir, o carrinho—este é bem o termo para suas reduzidas dimensões externas — revoluciona os conceitos de automóvel, pelo menos em termos brasa sileiros. Suas dimensões internas são tão amplas, ou mais, do que as de muitos carros de tamanho e potência muito superiores. Resta ver se o brasileiro se adaptará com facilidade às suas caracteristicas. 


Estética - nota 8

Tudo no Fiat 147 tem de ser pesado com padrões relativos à sua classe de cilindrada (1.050 cc) e ao seu tamanho (3,62 m). Com tais limitações, acrescidas às limitações de preço (ainda não foi confirmado, no lançamento, mas deve girar em torno dos 45 mil cruzeiros), o Fiatzinho pode ser considerado um carro bonito, agradável à vista.

Suas linhas são angulares, com uma distribuição de volumes bem balanceada. Na parte frontal ressalta a grande área envidraçada, maior mesmo do que a grade dianteira, ladeada por dois faróis retangulares. Bastante simples, esta grade, que ostenta o logotipo FIAT. A placa dianteira parece enorme quando comparada à grade, pois ocupa uma área aproximada de 1/3 desta. Dois faroletes, também retangulares, completam este angulo de visão.

Lateralmente, o perfil lembra o de alguns automóveis americanos de alguns anos, em escala reduzida. Isto é uma consequência da amalgamação entre os estilos, americano e europeu, que aos poucos foram se influenciando mutuamente. O que mais chama a atenção do brasileiro, quando ele olha o carro de lado, é o tamanho reduzido das rodas, com pneus radiais do tamanho 145 SR 13. Há que se levar em consideração, entretanto, que esse tamanho de rodas e pneus é o mais apropriado as dimensões gerais do carro.

O ângulo traseiro talvez seja o menos favorável do conjunto, sem, contudo, ser feio. Como um carro utilitário, o Fiat 147 tem uma terceiera porta traseira, formando um ângulo obtuso com a parte final da carroceria, que se apresenta com aquilo que os italianos chamam de "coda tronca" ou traseira truncada, por razõs aerodinâmicas. Na verdade, achamos que o coeficiente de penetrabilidade aerodinâmica do carro deve ser bom e auxiliado pela sua exigua área frontal, proporciona um arrasto aerodinâmico pequeno, o que contribui para a economia .
No aspecto geral, o carro é pobre, sem cromados excessivos nem soluções estilísticas custosas. A pintura é bem feita, mas as sete cores apresentadas (Branco Alpi, Bege Sabbia, Amarelo Maremma, Azul Laguna, Azul Notte, Verme!ho Vulcano e Vermelho Romano) não são muito marcantes. O carro testado é Vermelho Romano, em nossa opinião a tonalidade que cai melhor, entre as oferecidas. São três os tons de estafamento: preto, abóbora e marrom, que também não oferecem muitas combinações possíveis. 



Tudo isto, porém, deve ser levado na devida consideração já mencionada, de que o carro é uma nova concepção de transporte urbano, principalmente tendo-se em vista um consumo global reduzido. A própria Fiat possui uma gama enorme de carros de luxo, que poderiam ter sido facilmente escolhidos para serem produzidos no Brasil.

Levando em conta todos os fatores, podemos afirnnar que o Fiat 147 é um carro bonito, que agrada esteticamente à primeira vista.

Funcionalidade - nota 9

Como funcionalidade é o forte da concepção italiana para o Fiat 147, teremos de usar parâmetros mais rígidos na sua análise. Quem compra um carro destes, pelo menos seu similar 127 na Itália, procura um meio de transporte capaz de atender suas necessidades mais comuns, quais sejam as de andar no transito urbano supercongestionado, com espaço interno suficiente para quatro passageiros mais bagagem, que não Ihes cause claustrofobia. Quer também maneabilidade sem problemas, pouco cansaço e um custo operacional baixo .

Acreditamos que o Fiat 147 proporciona tudo isto num alto grau, bem superior a todos os demais automóveis nacionais à venda no mercado. Há apenas uma ou outra pequena observação a fazer, como a proximidade das alavancas de comando de faróis e pisca-pisca, que faz o motorista trocar inadvertidamente suas mensagens. O limpador de pára-brisas, cujo comando à direita é bem posicionado, não dispõe de um temporizador. O painel à esquerda, onde ficam diversos comutadores, também causa alguma confusão. A caixa da roda dianteira, por outro lado, impede que o pé esquerdo do motorista fique numa posição menos cansativa. As travas dos bancos dianteiros obrigam o usuário a se abaixar para alcançá-las e os cintos de segurança abdominais têm sua fivela muito fora da posição normal, dificultando o seu uso. O levantador do vidro gira em sentido contrário ao usual.

Por outro lado, quase todo o resto é muito funcional: o espaço para se entrar e sair no carro, mesmo para pessoas de grande estatura é enorme. A posição do volante, num plano inclinado mais para horizontal do que vertical, se não facilita a direção esportiva, pelo menos permite o livre acesso das pernas.



Os pedais suspensos e o acelerado ficam dispostos em posição cômoda, permitindo o “punta-taco”. Aliás, sendo manobra de origem italiana, pelo menos no nome, seria um absurdo que um Fiat não tivesse uma posição relativa entre freio e acelerador que a permitisse com facilidade...

A alavanca de cambio emerge do chão, entre os diminutos bancos dianteiros, ficando bem à mão do motorista. Devido ao seu tamanho (é bem alta), as mudanças não são tão precisas como gostaríamos e a marcha à ré precisa de uma pressão para baixo, coisa que acabou fazendo ficar na nossa mão “bolota” da alavanca. Ouandose acelera, tira o pé e volta a se acelerar, sente-se nitidamente um movimento de vai-e-vem da alavanca de cambio, que, também, gostaríamos que neo existisse.

A visibilidade é excelente e os limpadores varrem boa área. Dar marcha à ré é uma sopa e, no futuro, quem qual ser passar no exame de balisa parati rar carteira, se usar um 147 - terá um enorme “handicap”.



Conforto - nota 7

O conforto do Fiat 147 L também de ve ser medido com instrumentos específicos. Apesar da letra L acrescida à sigla do carro significar LUXO. Conforme explicado pelo Engº De Bernardinis, na apresentação do carro, (a Diretoria da Fiat entende que ele se compara aos demais carros Luxo existentes no mercado) a sua dotação de características luxuosas não pode ser comparada, por exemplo, à de um Corcel Luxo. Os tapetes são de borracha, bastante simples. Os acessórios que vêm fábrica normalmente, também não são gratuitos. O nosso carro testado dispunha de um bom rádio especialmente recebido para caber no pouco profundo painel, mas cobrado à parte. O mesmo se pode dizer com relação ao desembaçador traseiro.

No entanto, a terceira porta descobre um surpreendeste espaço para bagagem, que fica duplicado facilmente se rebatermos o banco traseiro e respectivo encosto para a frente. O acesso, inclusive, é dos mais fáceis. Neste aspecto o Fiat ganha longe do Brasilia, que pode ser considerado seu principal corrente na faixa de preço.

O rodar do Fiat 147 é suave e silencioso, no asfalto bom. Mas, no paralelepipedo surge um trepidar típico dos pneus radiais que equipam o carro e que a suspensão não consegue absorver. Isto não é um defeito, mas uma caracteristica, pois a suspensão de qualquer automóvel repousa em três elementos: molas, amortecedores e pneus. Quando se pretende construir um carro muito suave - pretendendo com isso torná-lo confortável – ou que renuncia aos pneus radiais ou se calibram os dois outros elementos (molas mortecedores) de forma a compensar a falta de flexibilidade desse tipo de pneu. No caso do Fiat, o veículo foi concebido tendo em vista uma grande funcionalidade e não um rodar muito macio.

O ruido do motor é bem abafado pelo sistema de escapamento, cujo diâmetro do tubo final é tão pequeno que até chama a atenção. Mas o ruído característico dos motores com comando de válvulas no cabeçote ainda consegue invadir levemente o interior da cabina, assemelhando-se ao ruido do motor Alfa-Romeu 2.300.

Em espaço e funcionalidade, portanto, o conforto do Fiat mereceria nota bem alta. Em luxo, sofisticação, silêncio e maciez, nota mais baixa. Na média, acreditamos que o 7 traduza aquilo que geralmente os seus usuários irão achar do carro, relativamente a este item



Motor - nota 9

Com apenas 1.048 cc o motorzinho do Fiat 147 traciona o carro bastante bem. Na verdade, devido ao fato de que a gasolina nacional possui baixo teor de octanas, a taxa de compressão teve de ser contido a 7,2:1, diminuindo muito a eficiência do motor. Isto foi admitido pela Diretoria Técnica da Fiat, também na conferência de apresentacão do produto.

Mas tudo leva a crer que a durabilidade do motor seja bastante grande, como compensação da eficiência não muito alta, pois a 6.000 rpm a velocidade média do pistão é de apenas 12 metros por segundo. Isto devido ao fato de que o diametro é de 76mm enquanto que o curso é de 57,8mm, mostrando claramente tratar-se de um motor superquadrado, com uma relação diametro/curso 1,14, ou seja, bastante favorável.

Quem acreditava que o Fiat fosse um carro milagroso, entretanto, ficou um pouco decepcionado com os 55 CV (SAE) anunciados e, ainda mais, com os parcos 7,8 mkg (SAE). Na verdade, porém, com a cilindrada pequena, esses valores são suficientes.

O diametro da válvula de admissão é de 34mm, maior do que a correspondente do Volks 1.300. Esportivamente falando, este fato permitiria uma respiração relativamente melhor do que a de qualquer outro motor nacional. O comando é manso, com 232 graus de duração de admissão, mais isto é uma característica das mais atuais, na engenharia de motores. O Mercedez Benz também parte para este esquema, que produz bons resultados: boa alimentação, com comando não muito brabo.

O torque máximo surge nas 3. 800 rpm, mas a curva mostrada na referida conferência de apresentação deixou claro que a 3.000 rpm o motorista do 147 já pode contar com um valor quase máximo do torque. Ou seja, a curva é bastante plana, em virtude das características mencionadas de válvula grande e comando manso.

A disposição do motor é transversal; ele fica com toda a sua parte de coletores de alimentação e escape voltados para a frente do carro. A parte das velas e do distribuidor fica para dentro. Isto facilita o arrefecimento, que é feito por um sistema selado com bomba d'água e radiador. Este último é uma verdadeira obra de arte, construído em alumínio, como se fosse para um motor de competição. Há, como no Passat, um ventilador elétrico comandado por um sistema automático, que liga ou desliga seu funcionamento, conforme a temperatura assim o exija. É uma forma de poupar energia nas estradas e melhorar o rendimento. Ouve-se um ligeiro ruido, quando o sistema entra em funcionamento, notadamente no trânsito congestionado.



Transmissão - nota 7

A quarta levemente desmultiplicada é a característica mais pronunciada da transmissão do Fiat. Não sabemos até que ponto a sua relação pouco menor do que um 10 959:1 pode ajudar no consumo, mas sabemos certamente que a primeira marcha é muito curta (4.097:1) quando relacionada com a quarta. Em que pese a curva de torque mais ou menos plana do motor, achamos que ficam alguns vazios na transmissão, entre as marchas, notadamente entre terceira e quarta.

Em termos leigos, há muitas subidas onde a quarta marcha “é pouco” e quando se joga a terceira nota-se que “é muito”, isto em viagens normais pela estrada. Quando o carro trafega com sua carga máxima — ou próximo disso, essa falta de uma relação mais apropriada se evidencia.

O certo seria aproximar mais todas as relações de marcha, primeira, segunda e terceira mais longas e quarta mais curta. Mas isto talvez trouxesse problemas nas arrancadas e nas saidas em subidas íngremes.

A opção que resta — que nos perdoem os engenheiros da Fiat a ousadia —seria o emprego de uma caixa com cinco marchas: a primeira do jeito que está e, entre a segunda e a quarta, (também do jeito que estão) inserir uma outra relação adicional.

Há, contudo, um detalhe muito importante, que não pode deixar de ser apreciado: pelo fato do motor situar-se transversalmente ao carro, o trabalho do diferencial fica simplificado. Na verdade, das três funções que normalmente o diferencial desempenha no carros convencionais(lreduçao, compensação de rotações nas curvas e mudança de direção do movimento) sobram apenas duas para o Fiat. Isso porque não há necessidade de mudar a direção dos movimentos, uma vez que o virabrequim se situa paralelamente ao movimento das rodas dianteiras, que são as motrizes.

Como trabalho de engenharia, a colocação do motor transversalmente da transmissão num espaço tão exiguo como foi feito no Fiat, merece nota dez. Sobra lugar para o restante do carro ser funcional, embora pequeno. A relação de diferencial é curta, com 4,417:1. As rodas são pequenas, com diametro efetivo de giro diminuto. Assim o motor tem de girar bastante para proporcionar velocidade boa minima ao conjunto. E isto talvez tenha sido a razão pela qual foi escolhida quarta marcha desmultiplicada.

A embreagem funciona com um chapéu chinês e é progressiva, embora não seja tão macia quanto esperavamos. Mas não mostrou sinais de “patinação” nem mesmo quando submetemos o carro a testes severos no “fuoristrada”. O engrenamento das marcha poderia ser mais suave, notavelmente nas provas de arrancada, a segunda marcha é um pouco dura e lerda para ser engrenada.



dirigibilidade - nota 10

Se fosse possível dar uma nota “dez com louvor”, como nos tempos de escola, sem dúvida essa nota seria atrebuída ao item dirigibilidade, para o Fiat 147. Neste ponto, mais do que qualquer outro, o carrinho mostra o quanto vale ser atualizado em concepção. Mesmo que os valores numéricos que expressam aceleração, velocidade máxima e outras características deste carro não sejam muito expressivos em valor absoluto, quando se dirige o Fiat passa a se compreender muita coisa. Por exemplo, aquilo que os Diretores da empresa tentavam dizer, ao engasgarem na resposta de determinadas perguntas. A todo momento eles diziam “quando vocês dirigirem o carro compreenderão”. Na hora, isso, parecia uma forma de fugir a uma resposta mais concreta. Mas, ao dirigirmos o carro, realmente sentimos que não era bem assim.

Experimentamos o Fiat 147 em todas as condições possíveis usuais e não usuais. E em todas ele se saiu muito bem. Na estrada, sua velocidade máxima não é grande e ele perde um pouco de força nas subidas. Mas, em compensação pode-se manter o carro durante horas com o “pé atolado” no acelerador sem que o motor reclame. Não há batidas de pino, mesmo com gasolina amarela; nem trapidaçoes ao desligarmos o contacto.

Quando chegam as curvas, o carrinho parece um kart, tão facilmente se livra delas. A direção é tão macia e precisa, que nas primeiras curvas chegamos a sair da pista de asfalto, tão rapidamente ela respondia. Isto em virtude da pequenissima distância entre eixos do carro (2,22 m) e não à rapida caixa de direção tipo cremalheira, com 3,4 voltas de batente a batente. Pode-se permanecer com o pé no acelerador em quase todas as curvas normais de estrada, nas velocidades em que o carro pode atingir.

Nas subidas de serra nota-se um pouco de falta de torque, agravada pela relação de transmissão não muito normal. Mas nas descidas pode-se castigar os freios sem medo, que, pelo os durante o teste, não chegamos a sentir sinais de “fading”



Na estrada de terra, mesmo com as rodas pequenas, o carro passa tranquilamente por sobre os temíveis “facões”. Se alguma coisa encostar embaixo, não há prejuízos, pois a carroceria é blindada. Na lama, pode-se dosar a rotação do motor e fazer o carrro atravessar sem grandes problemas; neste particular a tração dianteira ajuda bem. 

Em determinado local, depois de subirmos uma íngreme escarpa, nos aproximamos de uma quase ribanceira. Como o chão estava enlameado, logo percebemos que não conseguiríamos dar marcha à ré. O jeito foi descer, mas, sinceramente, não pensávamos que o carro conseguisse. Pois ele desceu sem nenhum problema e mesmo no local onde a ribanceira tocava o chão plano, num ângulo bem difícil, a frente arro passou sem sequer esbarrar.

No tráfego da cidade, fora a curiosidade impressionante dos demais motoristas, não houve nenhum problema. Na hora do “rush” conseguimos com relativa facilidade costurar o trânsito, arrancar na frente da maioria dos carros quando abria o sinal e não ter problema de superaquecimento. Para manobrar em espaços apertados, os nove metros de diâmetro de giro do carro facilitam bastante as coisas.

Finalmente, fomos a Interlagos, para, no autódromo, tentar avaliar a aptidão esportiva da máquina. Na verdade, em termos absolutos, o carro não é muito veloz. Depois de algumas voltas marcamos 4 minutos e 38 segundos para o circuito completo, o que revela que, mesmo com os acertos permitidos pelo Grupo 1, o Fiat 147 não vai poder competir com Passats e Polaras. No entanto, se voltarmos a ter uma classificação em separado para carros até 1.300 cc, sem dúvida o 147 poderá levar bastante vantagem. Mesmo que a classe seja “esticada” até 1.400 cc, incluindo Chevettes e Corceis - ainda assim o Fiatzinho poderá brigar, apesar de seus poucos 1.050 cc.

Sua característica no autódromo é muito interessante: pode-se fazer praticamente todas as curvas de pé embaixo, somente usando terceira e quarta marchas. Nas curvas de baixa velocidade o carro nem se mexe, mas forçado ao extremo ele mostra que sua neutralidade se transforma num sobesterço muitíssimo moderado (sai só um pouquinho de frente). Os pneus do carro eram os Pirelli CN-15, com sua pressão normalmente indicada, 27 psi da dianteira a 31 atrás. Enchendo mais esses pneus, regulando-se o motor com mais carinho, substituindo-se o escape por um dimensionado para corridas e fazendo mais aqueles acertos mágicos do Grupo 1, o Fiatzinho será um espetáculo à parte nas corridas. Se a Fiat, cuja Diretoria anunciou que se o Governo Brasileiro apoiar ela estará interessada em corridas, promover uma fórmula Fiat, mesmo com carros de turismo, não há dúvidas de que teremos pegas sensacionais.


Desempenho - nota 9

Em valores absolutos o Fiat 147 decepciona o usuário que esperava dele um milagre. Em termos relativos ao seu pequeno motor e ao seu peso relativamente alto (800 quilos, vazio), o desempenho pode ser considerado muito bom, sem similar entre os carros nacionais .

De fato, uma velocidade máxima de 135 km/h reais, num carro de 1.000 cc é razoável. Aceleração da imobilidade aos 100 km/h reais em 20 segundos, também. Arrancada da imobilidade para cobrir o quilómetro em 40 segundos não é tão mau. A relação peso-potência do carrinho é baixa:15 quilos por cavalo. Mesmo assim, o desempenho é bom.

Se fosse possível simplesmente aumentar a taxa de compressão de 7,2 para uns 8,5:1, acreditamos que o desempenho do Fiat seria bastante melhor. 


Estabilidade - nota 10

Conforme já ficou evidenciado na “dirigibilidade”", a nota que devemos atribuir à estabilidade do Fiat 147 é 10. Isto, por causa do seu comportamento, já descrito. Mas a razão deste bom resultado reside na suspensão tido McPherson dianteira, com um sistema traseiro que utiliza molas semi-elipticas transversais. Os amortecedores telescópicos de dupla ação e a boa distribuição de pesas completam o quadro, que mostra uma posição do centro de gravidade baixa. Apenas deve-se fazer um reparo, num problema que provavelmente surgirá aos usuários: as borrachas da suspensão logo se estragam e o carro fica barulhento. A carroceria é muito firme, não sofre de “barulhite” aguda. Mas após o severo castigo que impusemos ao carro de teste, o ruído generalizado nos levou a crer na necessidade de usar borrachas mais resistentes .


Consumo - nota 9

Ouando perguntaram à Diretoria da Fiat reunida no lançamento se era verdade que o carro fazia mais de 18 quilômetros por litro, como sugeria o filme de TV onde ele atravessava a ponte Rio-Niterói, a resposta foi: “Bem, consumo de gasolina é algo dificilmente mensurável”. Em outras palavras, o carro pode “até” fazer 18 km/litro, em condições especialíssimas. Como, aliás, a Ford usou para mostrar que o Maverick 6 cil. fazia mais de 10 quilômetros por litro, mas logo depois substituiu esse motor pelo de 4.

Na verdade, o consumo de um automóvel depende de fatores subjetivos, que nenhum teste objetivo pode levar em conta. Na viagem de Belo Horizonte a S. Paulo fizemos um trecho de pé embaixo, com pouco mais de 250 quilômetros. E o consumo médio que obtivemos foi de apenas 8,3 quilômetros por litro. Na mesma estrada, no trecho seguinte, procuramos conter um pouco a velocidade, andando a uma média de 100 km/h e já o consumo melhorou para 9,8 quilômetros por litro. Estávamos em três pessoas mais bagagem.

Não tivemos paciência para andar ainda mais devagar, mas tudo leva a crer que se o fizéssemos, a média seria ainda melhor. Porque em velocidades constantes os dados da fábrica foram amplamente confirmados por nós: 16 quilômetros por litro a 80 km/h, 13 quilômetros por litro a 100 km/h, e quarta.

Apesar do uso em condições severi simas do teste, não notamos consumo de óleo: a única luz que acendia n painel era a vermelho, indicadora de que o freio de mão estava puxado.

Do exposto, achamos que o consumo do Fiat é bom - o melhor entre os nacionais - sem ser, contudo, milagroso, como entendiam alguns. Aliás esse carro tinha obrigação de ser econômico, pois é também o que tem menor motor brasileiro, atualmente.


Freios - nota 8

Os freios são bem dimensionado para o carro. Mas se dispusessem de um sistema servo facilitariam o seu uso. Não que o pedal seja pesado, mas é preciso cumprir um curso um pouco mais longo do pedal, para se obter resposta, do que gostaríamos. Por outro lado, um carro de 800 kg absolutamente não precisa de um servo freio, em termos funcionais. Talvez com outra relação de desmultiplicaçao do “burrinho” principal pudesse se obter maior ação no pedal.

Do ponto de vista de projeto, os freios do Fiat são bem atualizados a disco das dianteiras, com pinças na frente (posição contrária do usual); e tambor nas traseiras. Há, inclusive, um sistema automático para regular os freios traseiros em função da carga. Quanto mais carga, mais pressão, para evitar travamentos. É algo muito interessante, da mesma forma que o sistema que permite mudar a altura dos faróis, sem necessidade de regulá-los novamente, conforme se tenha mais ou menos carga na traseira.

O circuito hidráulico de acionamento de freios é duplo conforme exigem as atuai normas de segurança, para evitar que - mesmo em caso de furar uma borrachinha - o carro fique totalmente sem freios.

O freio de mão é mecânico, agindo sobre as rodas traseiras e funciona bem, utilizando firmemente o carro quando parado e podendo ser usado ainda em velocidade, em emergência. Até nos cavalos-de-pau que fizemos o carro dar, ele nos auxiliou com tranqüilidade.



Conclusão - média 8,6

O Fiat 147 tem muita coisa boa, notadamente no seu projeto que é, sem dúvida nenhuma, o mais atualizado entre os carros brasileiros atuais. Entretanto, o conceito que ele tenta introduzir entre nós, de um carro funcional e de pouco luxo, para ser econômico globalmente, talvez encontre um pouco de oposição entre os primeiros compradores.

O interesse pelo veículo é enorme. Mas muita gente esperava um outro Corcel, todo requintado, cheio de detalhinhos de bom gosto, macio, com bancos acolhedores. E vai encontrar um carro pequeno — quase um minicarro — espartano, simples e funcional.

Como inovador, o Fiat corre o risco de não ser prontamente entendido por muita gente. Mas terá - a longo prazo - a acolhida que merece. O mais difícil será enfrentar a concorrência, não a atual, que ele atira de “letra”. Mas a futura, pois mini-VW, mini-Ford, mini-Chrysler e outros minis, certamente, vão agora entrar na briga. A medida que o Fiat for fazendo mudar o conceito de “status” em automóvel, que o brasileiro ainda curte.

Tentando analisar friamente o Fiat147 L, da forma que fizemos, acreditamos que a média final 8,6 expresse realmente o que sentimos em relação a ele: um bom carro, que pode ainda melhorar no futuro. E, o que nos pareceu, (isto é muito importante) - isento daqueles defeitos característicos nas séries iniciais. Enquanto esteve em testes, o Fiat 147 de AUTO ESPORTE não apresentou nenhum defeito!

Texto copiado da revista Auto Esport






sábado, 19 de maio de 2012

FIAT 147

FIAT 147

Primeiro carro produzido pela Fiat do Brasil que abria sua fábrica em Betim (MG), o 147 trazia novo conceito em tecnologia, aproveitamento de espaço e em tempos de crise do petróleo atendia um mercado que exigia um carro economico, e para provar esse aspecto num de seus comerciais de lançamento, a Fiat exibiu um 147 L atravessando a ponte Rio-Niterói (14 km) com apenas 1 L de gasolina. Foi oferecido primeiramente na versão L e GL de motor 1050 e 55cv, posteriormente ganhou versões mais requintadas com motor 1300 61cv; A GlS e o esportivo "Rallye", houve tambem uma série especial chamada "TOP". Em seus quinze anos de produção o Fiat 147 passou por duas reestilizações, sem grandes mudanças na carroceria. Na primeira reestilização ganhou uma frente mais baixa com faróis e grade inclinados, no estilo que a marca chamou "Europa" em 1980 e, mais tarde, em 1983, a segunda que foi chamada Spazio, incorporando para-choques de plástico envolventes no estilo alusivo a modelos contemporâneos da marca como o Fiat Ritmo e o lançamento do ano seguinte Fiat Uno. O Spazio foi oferecido nas versões CL, CLS e o esportivo TR substituindo o "147 Rallye", tinha cambio opcional de 5 marchas.

Teve uma versão picape lançada em 1978, a princípio chamada de Fiat 147 Pick-up. Em 1982, ganhou plataforma igual a da Panorama e passou a se chamar Fiat Fiorino. Na mesma época, foi lançado a versão furgão, que é produzido até hoje, na plataforma do Uno. A perua Fiat Panorama, foi lançada em 1980 e a versão sedã, Fiat Oggi, em 1983. Essas versões tiveram vida curta (apenas até 1986). A versão Hatchback do 147 saiu de linha no Brasil em 1986 sendo substituida pelo Uno, embora o Spazio continuasse sendo montado para exportação até 1993, e o ferramental de produção foi em parte transferido para a Argentina, onde foi montado até 1996. As versões pick-up e furgão (Fiorino) foram substituídos pela plataforma do Fiat Uno em 1988.

Foi eleito pela Revista Autoesporte o Carro do Ano de 1978.

Fabbrica Italiana Automobili Torino (FIAT)

A Fabbrica Italiana Automobili Torino (FIAT) é uma das maiores fabricantes de automóveis do mundo, com sede mundial na cidade de Turim, norte da Itália.



Fazem parte do Grupo FIAT, as marcas automotivas FIAT, Ferrari, Alfa Romeo, Maserati, Chrysler, Jeep, Dodge, Lancia, Autobianchi, Innocenti, Abarth, OM, Iveco, CNH, New Holland, Flexy-Coils, FIAT-Hitachi, Case, FIAT-Allis. É proprietária da Juventus FC, time mais popular da Itália.



FIAT é um acrônimo de Fabbrica Italiana Automobili Torino ("Fábrica Italiana Automobilística de Turim" em português), mas também pode significar "faça-se" em Latim. Fundada por Giovanni Agnelli, em 11 de Julho de 1899. Seu neto, Gianni Agnelli, chefiou a FIAT de 1966 até sua morte em Janeiro de 2003, quando foi sucedido por seu irmão Umberto Agnelli.

Depois da morte de Umberto, em 2004, Luca Cordero di Montezemolo foi nomeado presidente da empresa, porém o herdeiro de Agnelli, John Elkann, tornou-se vice-presidente, com 28 anos. Outros membros da família Agnelli continuam na direção.